Chegou um momento da minha vida que eu percebi que não teria ninguém por mim além de mim mesma.
Aquele momento eu sabia que todo o amor que eu perdi por esses anos por mais que eu tentasse recuperar no hoje e no amanhã ele não voltaria para mim.
E que quando me abrissem, quando me deixassem nua, seria perceptível todas as feridas, todas as cicatrizes e para alguém que tem quelóide talvez elas fossem bem visíveis.
Não importa o quanto eu tentasse recuperar o que eu perdi no passado, nada disso voltaria. É como se eu estivesse quebrada e isso não pudesse ser consertado.
Não importa o quão boa você é com alguém, esse alguém sempre vai achar um jeito de te magoar da pior forma.
Não importa o quanto você é gentil, o quanto você é dedicada, nunca vai ser o suficiente para quem te olha com olhos sujos.
Não importa o quanto você tente se recuperar dessas feridas, tente escondê-las, dias e noites vêm e vão, elas vão doer em alguma circunstância.
Acho que eu sou marcada para sempre por todas as dores que passei.
E eu tenho que aprender a não me apoiar em ninguém, porque eu sei que não é forte o suficiente para me segurar além de mim mesma.
Para alguém que tentou ser morta até mesmo dentro da barriga da mãe, a morte não me parece algo que venha de uma vez e assim seja eterno. Ela parece mais como algo que eu sinto todos os dias, todos os dias de tristeza e dores.
O prazer que ela tem me deixar assim, é o mesmo prazer que eu tenho em sobreviver mais um dia a ela.
Estamos sozinhos, tudo o que nos resta é a solidão.
Por mais que você esteja por alguém, nunca espere que esse alguém esteja por você.
Quando você tirar sua roupa e poder ver suas cicatrizes, pelo menos você sobreviveu.
Por diversas vezes me disseram que eu era um anjo. Às vezes eu penso se com isso me vem um fardo de dores, se anjos também sofrem assim, se eu teria outra escolha.
Porque eu sei quem eu sou.
Eu sou aquela que sofre sozinha, que se ama e se odeia sozinha.
Eu sou aquela que prefiro me machucar do que machucar os outros.
Parece que quando eu fico comigo mesma eu consigo ver quem eu realmente sou, todas as dores, tudo o que não volta mais, e parece que o mundo que eu tento criar para disfarçar minha solidão despenca.
É difícil ver o mundo como vejo agora, mas pelo menos é real.
Eu posso assegurar que dói.