quarta-feira, 23 de abril de 2014

Conforto

Toda vez que eu discutia com ele eu tinha vontade de atirar na minha cabeça, de enfiar uma bala no meu peito, ou qualquer coisa desse tipo. 
Como as pessoas podem ser tão idiotas?
Como elas podem brigar assim?
A verdade é que quando o mal me vem, eu não consigo descontar em ninguém, eu não quero machucar ninguém. Eu só tenho vontade de machucar a mim mesma.
E se machucar fisicamente, ter hematomas no corpo, fazer algo contra si, é como as cicatrizes da infância que nos lembram de algo que nos aconteceu. Pois eu sei que quando eu sentir meus pulsos doendo amanhã ou depois são lembranças de toda a dor que eu senti por dentro, a dor que eu prefiria que fosse externa, a dor externa que doia menos do que todos aqueles vidros cortando meu coração.
Eu sei que depois as marcas dos cortes vão me lembrar que mais vale sangrar, e deixar o sangue levar as coisas ruins, do que morrer de uma hemorragia interna de dor. 
Se machucar externamente é tentar se confortar da agonia, da cachoeira de coisas ruins que você sente por dentro.
Se machucar externamente é uma tentativa de abortar o sofrimento.
E seja uma briga com ele, com quem for, seja a dor que eu vá sentir, magoe tanto que o meu coração poder e não poder ser magoado, eu vou ter minhas defesas pessoais, pois a dor externa é o único conforto que eu tenho. 

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