sexta-feira, 16 de agosto de 2013

E quem sabe sonhar os meus sonhos

Você brinca o dia inteiro de mulher-maravilha. Corre, estuda, trabalha, faz tudo que pode e o que não pode fazer também.
Acorda as cinco da manhã para poder fazer tudo isso.
Você chega em casa depois de toda essa brincadeira, sua mãe olha na sua cara, diz para você parar de comer chocolate. Cinco minutos depois ela diz que você está gorda.
Você olha para sua barriga, aperta as gordurinhas e manda sutilmente elas irem se fuder.
Você toma um banho e espera que tudo que te atrapalha vá embora, afinal você espera mágica da água batendo no seu corpo.
Você passa o seu melhor hidratante como se isso fosse recompensar todo o mal que você fez ao longo do dia ao seu corpo.
Você finalmente se deita numa rede, fuma um cigarro, bebe um conhaque, escuta Chico Buarque, se sente mais do que nunca proletariado e pensa que música é recompensa intelectual.
Mas você tem alguém em mente, só em mente mesmo, pois este alguém está muito distante.
Traga bem forte o cigarro, como se fosse a última vez que você fizesse isso. Bebe delicadamente o conhaque, como se apreciasse sua última bebida.
E então você morre de saudades, por fim, pro fim. 

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