domingo, 19 de agosto de 2012

Resposta a ''Essa conversa não é sobre você''


Essa Conversa Não é Sobre Você
thinascimento:

Querido estudante branco, de classe média, que faz cursinho pré-vestibular particular: eu sei que é difícil quando alguém nos faz enxergar nossos próprios privilégios, mas deixa eu tentar mais uma vez.

Eu (e mais uma penca de gente, me arrisco a dizer) não me importo com o quão “difícil” será para você entrar naquele curso de medicina mega concorrido com o qual você sonha, porque, simplesmente, esta conversa não é sobre você.

Eu sei que praticamente todas as conversas deste mundo são sobre você e você está acostumado com isso, então deve ser um baque não ser o centro das atenções. Mas, seja forte! É verdade: nós não estamos falando sobre você.

Quando você chora pelo sonho que agora parece mais distante de se realizar, suas lágrimas não me comovem. Porque o que me comove são as lágrimas daqueles que nascem e crescem sem qualquer perspectiva para alimentar o mesmo sonho que você. É sobre essas pessoas que estamos falando e não sobre você.

Quando você esperneia pelos mil reais gastos todos os meses com a mensalidade do seu cursinho e que agora se revelam “inúteis”, eu não me comovo. Porque o que me comove são as milhares de famílias inteiras que se sustentam durante um mês com metade da quantia gasta em uma dessas mensalidades. É sobre essas pessoas que estamos falando, não sobre você.

Quando você argumenta que, na verdade, seus pais só pagam seu cursinho porque trabalham muito ou porque você ganhou um desconto pelas boas notas que tira, eu não me comovo. Porque o que me comove são as pessoas realmente pobres, que mesmo trabalhando muito mais do que os seus pais, ainda assim não podem dispor de dinheiro nem para comprar material escolar para os filhos, quem dirá uma mensalidade escolar por mais barata que seja. É sobre essas pessoas que estamos falando, não sobre você.

Quando você muito benevolente até admite que alunos pobres tenham alguma vantagem, mas acredita ser racismo conceder cotas para negros ou outros grupos étnicos eusa até os dois negros que você conhecem que conseguiram entrar numa universidade pública sem as cotas, como exemplo de que a questão é puramente econômica e não racial, eu não me comovo. Na verdade, eu sinto uma leve vontade de desistir da raça humana, eu confesso, mas só para manter o estilo do texto eu preciso dizer que o que me comove é olhar para o restante da sala de aula onde esses dois negros que você citou estudam e ver que os outros 48 alunos são brancos. E olhar para as estatísticas que mostram a composição étnica da população brasileira e contatar a abissal diferença dos números. É sobre os negros que não estão nas universidades que estamos falando, não sobre você ou seus amigos.

Se a coisa está tão ruim, que tal propormos uma coisa: troque de lugar com algum aluno de escola pública. Já que não é possível trocar a cor da sua pele, pague, pelo menos, a mensalidade para que ele estude na sua escola e se mude para a dele. Ou, seja a cobaia da sua própria teoria. Já que você acredita que a única ação que deveria ser proposta é melhorar a educação básica: peça para o seu pai investir o dinheiro dele em alguma escola, entre nela gratuitamente junto com alguns outros alunos, estude nela durante 12 anos e então volte a tentar o vestibular. Ah, você não pode esperar tanto tempo? Então, porque os negros e pobres podem esperar até mais, já que todos sabemos que o problema da má qualidade da educação básica no Brasil não é algo que pode ser resolvido de ontem pra hoje?

Então, por favor, reconheça o seu privilégio branco e classe média e tire ele do caminho, porque essa conversa não é sobre você. Já existem espaços demais no mundo que têm a sua figura como estrela principal, já passou da hora de mais alguém nesse mundo brilhar.

(http://tamarafreire.wordpress.com/2012/08/15/essa-conversa-nao-e-sobre-voces/)

Minha resposta:

Não acho que essa conversa seja sobre alguém como eu ou de alguém que se encaixe em todos os tópicos de uma vida boa como você colocou, não acho que o mundo gire ao meu redor, não me sinto comovida por você não estar comovida com minha classe social ou por você ainda não ter desistido da humanidade.

Onde o problema passa muito além de meu pai doar dinheiro para uma escola pública ou eu trocar de lugar com um negro e ele vir estudar na minha escola particular.

Não acredito que isso tenha haver especificamente com o fato do processo histórico que leva aos negros se sentirem excluídos e serem a realidade dessa nossa sociedade.

Eu acredito que isso seja realmente algo que o governo está fazendo para poder mascarar seu descaso com a educação pública e outras coisas. Também acho que se eles não manipulassem o suficiente todo mundo através da mídia as coisas estariam muito diferente.

Eu só não sou mais alguma menina burguesa que desfruta do dinheiro do meu pai, eu sou bem mais do que isso, eu tenho ideologias e eu quero mesmo mudar o país, e estou fazendo de tudo para usar o minimo do dinheiro do meu pai. E acho que se esses negros e outras pessoas de escola públicas tivessem alguma perspectiva de vida maior do que é a realidade trágica deles como você coloca, eles fariam algo para conseguir passar no vestibular sem precisar de cotas, porque isso é um desrespeito com eles, é como se você subestimasse a capacidade deles. ''Ah, mas eles não estudam numa escola particular como você.'', esse não é o ponto, porque o conhecimento é algo atingível para qualquer um que saiba o endereço de uma biblioteca.

Tentar justificar as condições sociais de alguém e o preconceito que essa pessoa sofre com cotas é só mais uma forma de dizer ''Estamos abrindo uma exceção para você, porque você é diferente dos outros, aceite isso, e não se esforce, porque você já tem sua vaga garantida."

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Eu já estava a esperando há algum tempo, sentada no sofá, com duas taças, a minha cheia e a dela vazia. Estava vestindo o vestido que ela mais gostava em mim, dizia que ele por ser preto contrastava com minha pele branca, porém tatuada e combinava com meus cabelos longos e pretos.
Aquela espera me consumia, estava com saudades daqueles lábios vermelhos entrelaçados nos meus lábios pálidos, saudades daquele cabelo vermelho que eu adorava acariciar.
O ponteiro descia e nada dela, quando eu já estava desistindo, alguém bateu a minha porta, corri para abrir, era ela, linda, radiante.
-Oi. -eu disse meio sem jeito.
-Olá, desculpa a demora, eu não sabia se devia vir ou não.
-Eu entendo. Entre, por favor.
Ela fez que sim com a cabeça e entrou, sentou-se no sofá, colocou vinho na sua taça e tomou logo tudo que colocou de uma vez.
Eu me sentei ao seu lado e tomei um gole.
-Tudo bem com você?
-Sabe, você me deixa bem confusa, eu não sei explicar muito bem o efeito que você causa em mim e confesso que não foi fácil esse tempo que fiquei longe de você.- Ela me confessava aquilo e eu não conseguia tirar os olhos de sua boca carnuda que clamava por a minha, eu estava com saudades de tudo aquilo.
-Não foi fácil pra mim, acredite. Eu estava com muito saudades de você. Mas qual a sua decisão?
Ela segurou na minha mão, olhou nos meus olhos, sorriu e disse:
-Por que você escolheu vinho? Você sabe que eu amo vodka. - terminou com um risinho, eu estava aliviada, ela estava de volta, era minha.
-Ai! Sua idiota. Você tem que aprender a gostar de tudo, eu estou fazendo um favor a você acostumando a beber de tudo.
-Sei. Você quer que eu vire uma alcoólatra de vez, bebendo de tudo assim.
-Claro que não.
-Vou lá pegar a vodka.
-Tudo bem.
Ela se levantou e foi até a cozinha pegar a sua bebida preferida. Eu decidi ir atrás dela. Quando eu cheguei, ela estava tomando na boca da garrafa.
-Que absurdo! Pegue um copo, tenha modos. - Eu sorri brincando com ela.
-Eu esqueci meus modos antes de vir para cá.- Ela abaixou de lado um pouco o seu short e me mostrou que estava sem calcinha. Eu sorri, um sorriso safado, mordi meu lábio, desejando cada curva perfeita daquele corpo.
Ela tomou mais um gole, colocou a garrafa em cima da bancada, me puxou e me beijou, um beijo caloroso, esquentando todo o meu corpo. Começamos então um amasso muito bom, tentávamos matar aquela saudade acumulada. Minhas mãos no corpo dela, suas mãos no meu corpo, quando menos esperei já não tínhamos nenhuma peça de roupa. Eu me sentei em cima da mesa e a boca dela consumia meu corpo, aquela língua quente com gosto de vodka tocava a minha pele, descia dos meus seios até a minha barriga, tão rápido, eu delirava. Me deitei, ela abriu minhas pernas e fez o que sabia fazer de melhor, ela me deixava louca. A puxei para cima de mim, era minha vez de a fazer feliz, de escutar aquela voz doce através dos seus gemidos dizendo que queria mais. Entravamos numa dança sensual que era o ritmo dos nossos corpos possuindo um ao outro, nos amando, provocando as melhores sensações.
E ficamos ali por um bom tempo, língua, pele, mão, dedos, desejo, o sexo com amor, puro e perfeito.
Selávamos assim a nossa volta, eu era dela e ela era minha. Transformávamos a partir dali essa noite em puro êxtase. Ao fim de tudo, voltamos para sala para beber mais, rir e sermos felizes como nos velhos tempos. Já não tínhamos mais a saudades, a deixamos na cozinha e ela não voltará por o mais longo tempo que for. Felizes enfim.

domingo, 5 de agosto de 2012

As pessoas prometem uma as outras nunca mais amar ninguém ao não ser seu respectivo parceiro, gritam ao mundo inteiro que é paixão e acredita fielmente ser para sempre.
Mas elas não contam com o destino de uma maneira ruim, elas tem suas vidas a dois planejada e perfeita. Como um copo de vidro que se quebra e nunca mais é o mesmo, essa relação perfeita se rompe, por erros não reconhecidos antes e parece que é o fim do mundo, mas na verdade é só o começo de novos dois "eu", um novo "ele", um novo "ela".
Parecia impossível haver vida depois daquele rompimento jamais esperado, mas havia tanta vida lá fora, havia tanto o que crescer, havia outros mundos para se entender, havia sua nova vida.
E você aprende a amar outra pessoa novamente, você aprende a viver novamente, e vai quebrar mais copos de vidros, até perceber que a simplicidade e a verdade não está na beleza de um copo de vidro e sim na durabilidade de um copo de plástico, então você acha o seu.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012


- Por que você está bebendo tanto, moça? Isso é prejudicial sabia?

- Sabia, e eu não tô nem aí, não avisam que o amor é prejudicial, mas da bebida sim. - ela sorriu ironizando.

- Mas se fosse amor de verdade não seria prejudicial.

- Não me venha com esse discurso barato de livro de auto-ajuda, nao existe vida sem sofrimento, nao existe nada sem o lado ruim, é o equilíbrio, que as vezes mais machuca do que faz bem.

- Coração muito machucado?

- Antes fosse só o coração, a mente que também fode mais ainda com tudo.

- Por que?

- Sou a pessoa com mais dúvidas que você vai conhecer na sua vida. Só um instante- ela interrompeu. - Garçom mais uma dose caprichada daquela bem quente.

O garçom trouxe e ela virou o copo.

- Moça, por que você além de ter seu coração e mente acabados, quer também acabar com o resto?

- Quando eu bebo é quando eu me liberto, é uma felicidade maquiada que querendo ou não e nem que seja só por um segundo vale a pena. Além do mais fazia tempo que eu não bebia, mas motivos me levaram a estar aqui hoje como você já deve ter percebido.

- Mas moça, tem vídeo-game, tem chocolate, tem várias coisas que podem fazer você feliz.

Ela sorriu novamente.

- Mas essas coisas não me tiram daqui desse mundo, me dão um prazer quase que insignificante e não fazem muito mais do que isso. Eu já disse, quando eu bebo, eu me liberto.

- Moça, a senhora me parece meio maluca, desculpa falar.

- Você é uma pessoa muito observadora, sabe das coisas.

- Não vai negar?

- Ser normal é chato, eu escolhi minhas duvidas e agora tenho que conviver com elas, mas prefiro o meu mundo complicado cheio de verdades do que viver uma fantasia empregada por gente que eu nem conheço.

- Você ainda tem sonhos?

- Pode parecer que não, mas está nos meus planos ser feliz, o caminho está sendo conturbado, mas já disse, eu que escolhi assim.

- Mas afinal o que te fizeram para você estar aqui?

- Me abandonaram e depois voltaram atrás, confundiram ainda mais o que não podia ser nem tocado, queriam que eu o salvasse quando ele que me fez eu me perder, e por mais que siga minha vida sendo feliz, ele sempre volta pra atormentar, mesmo que só no pensamento.

- Então você é feliz?

- Talvez, nunca se sabe o que é real.

E ela disse isso e se levantou, pegou a sua bolsa, tirou um dinheiro deixou em cima da mesa e se foi. Carregando consigo todas as dúvidas que alguém poderia carregar.