terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Peripécias da solidão

E é quando aqueles dois toques soam que eu sei que não ouço mais sua voz. A tela do celular apaga e quando a ligo não tem mais sua ligação, só o relógio me avisando que é madrugada e hora dos solitários, daqueles que amam e não podem estar juntos. 

Não ouvir mais sua voz é abrir um espaço no meu peito, um vazio, que ao longo da noite insiste em fechar e apertar. 

Passar a madrugada sozinha quando se ama e sente saudade não é aproveitar sua própria companhia é sentir falta de um outro alguém. 

Viver sozinha e feliz é possível sim, mas ao seu lado a madrugada não é vazia, não é sopro através da porta entre aberta. Com você a madrugada é o prólogo de histórias que contamos e vivemos constantemente. 

Eu não queria ouvir aqueles dois toques, eu queria o seu toque em mim, sua respiração ofegante ao meu ouvido, o seu peito colado no meu, queria sua mão na minha cintura, minha alma na tua. 

Ao som que a solidão produz, ao frio que a noite me traz, que a saudade não me consuma, mas que de alguma forma me conforte ao me lembrar do calor que o seu amor é capaz. 

E mesmo que eu te veja através de uma tela eu sei que não será suficiente para o vazio que sua ausência me apresenta, só sua presença pra trazer paz ao meu coração agora frio.